Revolução ajudou Nani a salvar a honra portuguesa

O Sporting conseguiu um precioso ponto na deslocação a Moscovo e regressa a Alvalade com um sorriso nos lábios. A estrelinha da sorte só premeia os audazes, já se sabe, e ontem os leões salvaram a honra portuguesa numa jornada europeia em que o Benfica e o FC Porto perderam. O golo de Nani foi apenas mais um exemplo da genialidade do jovem internacional português, que numa triangulação com Liedson anulou a vantagem conseguida por Boyarintsev logo aos quatro minutos de jogo.

Para superar a contrariedade de ter de jogar em relva sintética, Paulo Bento optou por uma táctica "leve" com jogadores móveis e com bom toque de bola. Miguel Garcia voltou a ser opção para o lado direito da defesa, Tello jogou no meio-campo e Yannick no ataque juntamente com Liedson. A intenção era fazer rolar a bola e evitar que o Spartak tomasse conta do jogo e tirasse partido da trajectória irregular que esta tomava cada vez que batia no relvado artificial. Mas na prática as coisas não correram bem assim e a tarefa leonina ainda ficou mais difícil depois de Ricardo sofrer golo logo no início do desafio.

O período de adaptação do Sporting foi demasiado longo. O meio--campo não conseguiu equilibrar a boa prestação da defesa com a inoperância do ataque. João Moutinho jogou encostado à direita e andou alheio ao jogo, Veloso foi o atleta mais activo da equipa no primeiro período, mas não tinha tempo para criar, apenas para destruir, e Nani andou perdido por entre passes mal medidos e fintas que esbarravam nas pernas russas. Em 45 minutos, os leões fizeram apenas um remate à baliza (o Spartak fez cinco), na única jogada com princípio, meio e fim. E só não saíram para o intervalo a perder por 2-0 porque o guarda-redes Ricardo e Miguel Garcia uniram forças para evitar novo golo do Spartak, que fazia do jogo aéreo a principal arma.

Apesar da boa exibição, o lateral direito seria sacrificado ao intervalo em prol do colectivo para entrar Alecsandro. Uma substituição que seria a base de uma pequena revolução idealizada por Paulo Bento no balneário e que viria a ser decisiva para o empate leonino, apesar do sufoco a que os leões foram submetidos. Com um avançado mais pesado em campo, Tello a lateral esquerdo, Veloso a central ao lado de Polga (talvez o melhor em campo) e Paredes a trinco, o Sporting viria a ter mais influência no jogo e chegaria mesmo ao golo do empate por Nani. O cabo--verdiano contou com a inspiração de Liedson para em três toques entrar na área e marcar de ângulo difícil já depois de tirar o guarda-redes da baliza.

Apesar de não ter realizado uma exibição brilhante, Nani voltou a ser decisivo para o Sporting dar a volta ao resultado negativo (tal como com o Boavista, para a Liga). Hoje talvez tenha a recompensa merecida com mais uma chamada de Luiz Felipe Scolari à selecção A, enquanto o Sporting continuará a merecer os elogios da Europa do futebol depois dos quatro pontos conquistados em dois jogos num dos grupos mais difíceis de prova.