SCP
 2.26.2008

Rivais sim, inimigos não!

Quando se fala de claques no futebol duas coisas vêm à cabeça de toda a gente: que necessariamente vão continuar a existir, que coexistem com a violência criando-a e incentivando-a. Eu sinceramente não me identifico exactamente com essa imagem mas sim com um ideal de amor ao clube e não de violência com o próximo. E se continuarmos assim, alguma coisa vai ter de mudar, para bem do espectáculo a que pertencemos.

"A ideia de mudança é neste momento muito clara para o poder político, para os clubes, representados na Liga, para as forças de segurança e mesmo para os próprios grupos de adeptos organizados em claques" dizia um artigo da agência Lusa no passado ano, no entanto, quase um ano se passou e para além da legalização das claques pouco se viu feito.

Sei que muitos se revoltaram, protestaram e se identificaram contra a legalização mas quanto a isso apenas posso dizer que "quem não deve, não teme".
Os incidentes violentos recorrentes no mundo em que vivemos, mostram que para além de sermos parte essencial da "cor" de um grande espectáculo, podemos ser também um problema, pela violência que agregamos, e é consensual que urge resolvê-lo. Devemos ser a cor, a animação, o espírito e a alma do nosso clube e não denegri-lo com atitudes medíocres típicas de pessoas com falta de formação. Devemos divertir-nos, fazer a festa mas, atenção!, "a nossa liberdade termina onde começa a do próximo!"
A nossa imagem está manchada... Todos querem ser vistos como "os mauzões", "os destemidos" mas não tem de ser assim... Porque não podemos ser "aqueles que acompanham o Sporting para todo o lado? (claro que aqui também tínhamos de contar com o apoio do Sporting que falha à grande nesse plano, mas isso são outras conversas e fica para outro post). Porque não podemos ser, falando de exemplos recentes e presentes na mente de todos os sportinguistas, como os adeptos do Basileia que mesmo quando perdiam por três golos, continuavem apoiando a sua equipa? Eu gostava que fossemos assim...

Há uns tempos a imagem pública das claques sofreu uma "machadada" forte, com a divulgação pública de um relatório policial que relacionava várias claques com grupos neonazis, nomeadamente a Portugal Hammerskin. Não posso afirmar que os temos, que sei o que pensam ou que sei quem são mas qual é a surpresa? Fazem parte da nossa sociedade. Nós fazemos parte da sociedade. Porque não havemos de os ter?!

Há comunistas, judeus, anarquistas, monarquistas, socialistas, ...eu sei lá... por todo o lado. Desde quando não podemos ter as nossas convicções? Felizmente o 25 de Abril deu-nos a liberdade de expressão, liberdade de escolha e uma opção de vida. E mais uma vez remato com uma sabedoria antiga "gostos não se discutem!"

Uma coisa ainda há de bom, tal como já foi publicado um dia: apesar de não conseguirmos "esbater completamente a auréola de violência, continuamos sem o triste historial de "hooligans" ingleses, holandeses ou italianos". Felizmente!!!
Em Portugal, não houve Heysel nem o recente Palermo-Catania, mas ainda guardamos todos a recordação do very-light lançado da bancada do Benfica sobre a do Sporting, na final da Taça de 1996.

Mas ontem quando soube do que se tinha passado com um adepto do nosso clube, e hoje o pude confirmar através de um jornal desportivo, pensei que tinham novamente "queimado o rastilho" para mais uma luta constante entre nós, sportinguistas em geral (sim, em geral porque não interessa se és da claque ou não quando te encontrares perante um dos deles) e os benfiquistas (e o mesmo repito aqui). Mas porquê? Pessoal, acordem!!! Eles é que o ganham e nós levamos facadas?! Tochas queimadas nas costas???

Ei! Onde chegámos? Ao terceiro mundo? Lutas por emblemas, por cores, por algo que vai ser exposto numa prateleira algures e que trará apenas mais um número às nossas contas e muitos aos bancos deles???

Nós somos o Sporting! Sim. Mas assim...Não. Eu não sou assim...Não me identifico.

Lutem assim pela vida, pelas vossas ambições, pelo vosso futuro. Não digo com lutas injustificadas mas com garra. Se nos empenhássemos em levar o país para a frente como nos empenhamos em fazer guerras entre claques seríamos uma super potência mundial.

Desde quando o futebol é justificação para a violência? Tudo bem que todos nos aborrecemos de vez em quando por motivos ridículos mas estamos aqui a falar de movimentos em massa e de eventos que não se desenrolam com as mãos ou em números equiparados... Pedradas... Já estamos habituados...Até já nos rimos.... Então, quem é que já não foi a Guimarães e já voltou com menos 2 ou 3 vidros partidos? É habitual. Já é o cartão de visita deles mas por favor, não nos manchem ainda mais a nossa imagem. Apoiem o vosso clube. É tudo o que peço.


"Ignoradas, toleradas ou mal-amadas, nem por isso deixam de existir, e de serem essenciais ao futebol, que "precisa delas para consolidação das suas características de espectáculo e de espaço de criação de mitos e semideuses", Manuel Sérgio, professor e filósofo do Desporto.


Domingo, conto com uma noite de espectáculo. Mas dentro do estádio! =)

assim disse Ultra CDX @ 23:48   0 rugidos
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